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sexta-feira, 16 de abril de 2010

As tigresas do Zoo e seus problemas

Por Equipe Cão Cidadão

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Na natureza, os tigres são grandes caçadores, e estão em constante atividade, para garantir a sua sobrevivência. Mas não é assim com os dois Tigres de Bengala deste caso. As duas tigresas, Kátia e Laika, de 6 anos, com cerca de três metros e duzentos quilos cada, foram transferidas recentemente de um antigo circo para o Zooparque de Itatiba. Criadas em cativeiro toda a sua vida, elas nunca tiveram a oportunidade de desenvolver seus instintos de caça, estando sempre acostumadas a serem alimentadas em seus recintos, e tendo uma atividade física e mental restrita. Por outro lado, a maioria dos visitantes do Zoo gostaria de ver essas tigresas em ação, mas todos se frustram ao chegar no recinto dos tigres, e verificar que elas sempre estão escondidas em suas tocas onde é difícil vê-las, ou ficam deitadas em algum canto por muito tempo, tornando a experiência monótona.

Enriquecimento Ambiental

Preocupado com esta situação, o administrador do Zoológico, Sr. Hans Furrer, resolveu chamar o Dr. Pet, para ajudá-lo a criar atividades para melhorar a qualidade de vida destes animais. A idéia do Dr. Pet é fazer aqui um trabalho de Enriquecimento Ambiental, ou seja, acrescentar ou modificar elementos do ambiente em que as tigresas vivem, para torná-lo mais atrativo e estimulante, fazendo com que elas o explorem mais, tendo como resultado um aumento no nível de atividade física com qualidade.

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Num primeiro momento foi colocada comida de diversas formas para que os animais pudessem explorar: dentro de uma bola feita de bambu e recheada com feno e carne, um bloco de gelo com carne que ficou sobre o solo e outro bloco de gelo com peixe que foi colocado dentro do lago, para que as tigresas tivessem que entrar na água. Também foram pendurados pedaços de carne em locais de difícil acesso, como em árvores e cordas, para fazer com que elas tenham que se levantar, se esticar, subir e pular para poder alcançá-los. Com estas pequenas mudanças, já tivemos alguns resultados, como as tigresas subindo em uma árvore para pegar um pedaço de carne, pulando para pegar outros pedaços pendurados e se ocupando com um bloco de gelo para tirar o peixe que estava dentro deste.

Hora de acabar com a preguiça

Passada esta primeira fase com sucesso, chegou a hora de começar a adicionar movimento à comida dos tigres. Isto foi feito com a ajuda de cordas que tinham um pedaço de carne amarrado em uma de suas extremidades, e eram puxadas para fazer as tigresas correrem um pouco, se aproximando mais de uma situação de caça. Também foi instalado um cabo de aço que ligava uma árvore de dentro do recinto dos tigres até uma das grades. Com uma roldana e uma corda, podia-se controlar o movimento de alimentos oferecidos, além de permitir o reabastecimento do exercício sem a necessidade de ter que trancar os tigres no cambiamento para poder mexer no ambiente novamente.

Foram colocadas também algumas caixas de papelão recheadas com feno e com carne dentro, para dificultar um pouco mais a obtenção de comida das tigresas, estimulando-as a derrubar, abrir ou rasgar a caixa, além de procurar pelo feno, para poder finalmente ter acesso ao alimento.

Final emocionante

Chegamos assim à última fase, onde crianças em uma aula sobre tigres, ajudaram o Dr. Pet a enfeitar bichos de papelão, como zebra, javalis e cervos, que serão recheados com pedaços de carne para estimular o olfato e tentar dar um ar mais realista à caça das tigresas. E a estratégia funcionou muito bem, pois assim que um dos tigres viu os bonecos de papelão dentro do recinto, ele realmente acreditou que era um animal de verdade, e já assumiu uma postura e movimentos de caça. Andando de forma abaixada, quase rastejando, devagar e muito cautelosa, a tigresa se aproxima da sua presa, ataca as pernas para tentar derrubar o animal, e assim que consegue fica sentada ao lado da presa recém abatida, cuidando do que é seu.

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Outro espetáculo à parte foram os saltos e as patadas que as tigresas davam para pegar peixes e carne que acompanhavam a roldana no cabo de aço. Elas realmente não queriam deixar escapar a oportunidade de pegar essa pressa de forma alguma.

Deixando a rotina das tigresas mais saudável, e a visitação do zoológico mais interessante e emocionante, aprendemos que é possível tomar atitudes que possibilitem que todos saiam ganhando, e que vale a pena investir nestas ao invés daquelas que tem apenas benefícios unilaterais.

Texto: César Juncos
Revisão e Edição Final: Alex Candido
Fotos: Denise Falck

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